quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Bem-vindos à Madeira Luddite

 Vivemos tempos curiosos. Tempos em que a tecnologia avança a passos largos, mas há quem ainda queira travá-la. Entrámos num novo Período Luddite, versão 5G, e há quem insista em não querer ver a realidade, mesmo que ela venha com notificações.

Eu imaginaria no século XX alguns episódios recentes madeirense:

Tivemos boieiros, acredito que o meu bisavô inclusive já que ele teve um carro de bois, a protestar contra a entrada dos táxis no negócio dos passeios. Imagine-se! Concorrência! Acabe-se com os táxis. Já os táxis argumentavam: já viram os dejetos que os bois deixam pelo caminho?  Na altura não se falava da poluição dos carros a combustão, logo era um bom argumento. Mas os boieiros reclamavam: como é que se atre
vem a querer transportar turistas? 

Depois, claro, surgiram os míticos carreiros do Monte, a queixarem-se do teleférico. Não da subida, atenção, que essa até dá jeito — mas da descida. Porque aparentemente, a gravidade devia estar sob exclusividade contratual. Quem quiser descer do Monte devia ir de carro de cesto, ponto final. Como óbvio isto é tudo fantasia. 

Mas claro, isto tudo não acontece só cá. Esta resistência às mudanças é um clássico. O nome técnico? Luddismo. O nome do protagonista? Ned Ludd, um suposto operário inglês do século XIX que, ao ver uma máquina de costura a ameaçar o seu ganha-pão, partiu-a. Entre 1811 e 1816, o movimento Luddite virou moda: invadiam fábricas, destruíam teares, e juravam a pés juntos que a modernice ia destruir o mundo.

Soa familiar?

Hoje, os Luddites vestem fardas, gravata de gestor de fábrica têxtil, ou t-shirt de músico. Os táxis querem eliminar os TVDE; as fábricas querem proibir a Shein (porque o algodão não é só doce — também é vingativo); músicos tremem com a Inteligência Artificial, e já protestam contra a IA, e não é para menos: a banda Velvet Sundown, feita 100% por IA, já tem mais seguidores no Spotify do que a maioria dos humanos.

E não fica por aqui: a China já abriu o primeiro hospital operado por 14 médicos IA e 4 enfermeiros virtuais. O atendimento é rápido, eficiente e não se queixam das horas extraordinárias — nem pedem café.

Muitos querem destruir a automação como se ainda estivéssemos no século XIX. Mas más notícias, meus caros: as máquinas agora não se partem com marretas — têm firewalls. Se quiserem mesmo travar esta revolução, vão ter de se reinventar como hackers. E nem todos têm jeito para Matrix.

A dura verdade? Esta evolução é inevitável. Pode ser atrasada por legislação, regulamentos e uns quantos protestos com cartazes escritos à mão, mas é como tentar parar um tsunami com um balde de praia.

Todas as profissões — sim, todas — irão desaparecer ou adaptar-se. Sempre foi assim. Quem hoje tem saudades da datilógrafa? Ou do senhor dos videoclubes? Eu, nostálgico como sou, ainda sonho com o barulho da impressora de fax, mas até eu reconheço: o progresso não espera.


Aliás, digo aos meus amigos (os que ainda não foram substituídos por bots): o meu plano para a reforma é simples — poupar para um robô da Tesla que me leve ao médico, me traga sopa, e me diga “tudo vai correr bem, senhor Eduardo”, com voz de Siri carinhosa. Melhor do que um lar. Melhor do que filhos ocupados. E muito melhor do que um cuidador. Não será mais humano poder ficar em minha casa com as minhas coisas e ter quem me ajude 24 horas por dia? Só necessitando de ser carregado.

Sim, é difícil. Mas negar a mudança não vai impedi-la. A única coisa mais patética do que querer travar a tecnologia é sonhar que podemos transformar a Madeira numa espécie de ilha Amish. Seria, sem dúvida, inovador. A primeira ilha Amish do mundo, com bodes, cestos, pão de casa e… bom, nada de Netflix.

Mas convenhamos: até os Amish têm site.


Publicado no JM-Madeira


sábado, 19 de julho de 2025

Ele é que se pôs a jeito

Créditos da imagem: https://sicnoticias.pt/pais/2023-10-20-GNR-regista-140-crimes-de-bullying-e-cyberbullying-nas-escolas-em-2022-2023-54e47bed

Refletir sobre o que se fez ou não se fez - como seres humanos, filhos, pais. Fez-se tudo certo? É quase certo que não.

Diz-se que esta será a primeira geração, em 100 anos, mais pobre que os pais. Talvez. Mas o que preocupa é a outra pobreza: a de valores.

Sou millennial, geração Y - a última a crescer com amor e a respeitar quem mandava, certo ou errado.

Há algo que me indigna: o bullying.

Sim, sempre existiu. O “caixa de óculos”, o “gordo”, o “cenoura”, a “loira burra”.

Mas no nosso tempo, quando o agressor era apanhado - por pais ou professores - havia consequências.

Ui, ui... foge da frente!

A brincadeira acabava. Na minha extinta escola da Sé - hoje um AL instagramável - o Professor Firmino impunha respeito e proteção. Havia olhos atentos e quem agisse.

Hoje? Desacredita-se a vítima.

A palavra vale menos que um emoji no WhatsApp.

Denunciam? Ignora-se.

Falam? Distorce-se.

Choram? Dramatizam.

Grupo de Whatsapp? Tirado fora do contexto.

Isolam-nos do grupo? É um grupo privado de troca de livros, se calhar tipo Bilderberg.

Afinal, é só uma criança sensível, certo? Errado!

E o agressor? Tem desculpas para dar e vender.

É de uma família de bem - impossível.

É de uma família desestruturada - coitadinho.

Não sabe dar um pontapé numa bola - está frustrado.

Não sabe dançar - então desconta no próximo.

Não sabe fazer nada, mas é um mestre em lançar veneno - e ninguém quer ver isso.

Devia existir o “Manual das 1001 Desculpas para Não Confrontar um Agressor”.

E a vítima?

Isola-se, brinca sozinha, fala sozinha ou já nem fala.

Tentou falar? Disseram-lhe para não fazer disso um drama. Foi empurrada para o canto. A melhor: “Tu também fizeste por isso.”

Existem ainda os “vítimas-cúmplices” que dizem: “até gosto de ti, mas há quem não goste... logo, excluído.”

Ah, sim... há sempre a “intervenção” por um adulto “responsável”. Separaram-nos. Mas quem ficou sozinho? A vítima.

A instituição ligou aos pais do agressor? Para quê? Pode ter “nome” ou dar problemas. E o caso está arrumado: o pequeno está para ali num canto, calado, silenciado.

Até surgir a notícia:

“Criança suicidou-se”, lá vem o guião pronto:

“Nunca houve bullying.”

“Estaria sinalizado.”

Ou melhor, usam uma das frases do agressor: Ninguém gostava dele, ele ficava sempre sozinho, não sabemos bem a razão, devia ser dele.

“A culpa é da família - pais separados. Genética duvidosa, devia ser de outra cultura qualquer.”

Os outros pais - os que têm filhos envolvidos - lançam-se ao papel de figurantes arrependidos:

“Coitadinho, era tão calado... o meu filho era tão amigo dele.”

Pois. Tão amigo quanto um espinho é amigo da pele.

Mas se um dia - por obra do acaso - surgirem provas irrefutáveis: áudios, vídeos, mensagens, prints, testemunhos... não temam.

Sigam o exemplo dos pais do Fernando Valente:

Lixívia digital. Apaguem os áudios, apaguem as mensagens, formatem os telemóveis, deem banho ao histórico com lixívia. E digam de cara lavada:

“Nunca foi nossa culpa.”

“Fora do contexto.”

“É culpa da vítima.”

Sempre foi.

A receita está dada. Estas serão as respostas.

Na semana passada, vimos imagens de uma adolescente - monitora - a alegadamente agredir uma criança num ATL. Depois, vangloriou-se nas redes sociais das alegadas agressões. Não foi na China, foi aqui. Quantos casos assim nunca chegam a ser filmados?

Em Rabo de Peixe, nos Açores, vimos outras imagens perturbadoras: “situações isoladas”.

Não se esqueçam: A vítima é a culpada. A vítima isolou-se. A vítima não se integrou. A vítima pôs-se a jeito.

Ninguém está preparado para isto. Mas devíamos estar. Já era tempo.

Nesta Era, precisamos de parar, desacelerar e ajudar. Criar empatia com o outro é fundamental - não só para proteger as nossas crianças, mas para o bem da nossa sociedade.


Publicado no JM-Madeira - Siga Freitas

quinta-feira, 19 de junho de 2025

Lá no sítio



Há muitos anos, numa campanha eleitoral para a Câmara Municipal de Lisboa, participei em algumas ações do então candidato, Santana Lopes, da coligação liderada pelo PSD. Lembro-me bem de uma apresentação em que ele falava, convicto, da importância de recuperar a vida social de bairro. Dizia que as pessoas deviam poder viver o seu dia a dia à porta de casa: levar os filhos à escola, ir às compras, à piscina, ao campo de futebol... tudo ali, sem precisar de grandes deslocações. Uma cidade grande, sim, mas com um coração de aldeia. Aliás, como acontecia, AAL, antes do AL, nos velhos bairros que tornaram famosa a Lisboa do fado com velhas tendinhas.

Ideal bonito. Foi concretizado?

Na pressa da modernidade, da mobilidade, do progresso... perdemo-nos?

Há muitos anos, numa campanha eleitoral para a Câmara Municipal de Lisboa, participei em algumas ações do então candidato, Santana Lopes, da coligação liderada pelo PSD. Lembro-me bem de uma apresentação em que ele falava, convicto, da importância de recuperar a vida social de bairro. Dizia que as pessoas deviam poder viver o seu dia a dia à porta de casa: levar os filhos à escola, ir às compras, à piscina, ao campo de futebol... tudo ali, sem precisar de grandes deslocações. Uma cidade grande, sim, mas com um coração de aldeia. Aliás, como acontecia, AAL, antes do AL, nos velhos bairros que tornaram famosa a Lisboa do fado com velhas tendinhas.

Ideal bonito. Foi concretizado?

Na pressa da modernidade, da mobilidade, do progresso... perdemo-nos?

Há muitos anos, numa campanha eleitoral para a Câmara Municipal de Lisboa, participei em algumas ações do então candidato, Santana Lopes, da coligação liderada pelo PSD. Lembro-me bem de uma apresentação em que ele falava, convicto, da importância de recuperar a vida social de bairro. Dizia que as pessoas deviam poder viver o seu dia a dia à porta de casa: levar os filhos à escola, ir às compras, à piscina, ao campo de futebol... tudo ali, sem precisar de grandes deslocações. Uma cidade grande, sim, mas com um coração de aldeia. Aliás, como acontecia, AAL, antes do AL, nos velhos bairros que tornaram famosa a Lisboa do fado com velhas tendinhas.

Ideal bonito. Foi concretizado?

Na pressa da modernidade, da mobilidade, do progresso... perdemo-nos?

Porque a verdade é esta: não precisamos de mais carros. Precisamos de mais vida.

Um sítio – seja na Madeira ou em qualquer lado – não é apenas um conjunto de ruas. É feito de histórias, de afetos, de pertença. O lugar onde se cresce, se ri, se sofre, se vive. Recuperar essa memória é urgente. Com eventos locais, associações, arquitetura que convida ao encontro, casas do povo, juntas de freguesia atentas.

Até a tecnologia pode ajudar nesse retorno do tempo antigo: com apps que promovam o consumo local, plataformas de partilha entre vizinhos, espaços de teletrabalho comunitários.

Deslocarmo-nos continua a ser importante. Explorar, conhecer, viajar... sim. Mas ficar horas no trânsito, enfiados no carro, engolidos pelo ruído e pelo cansaço, não é liberdade. É uma usurpação de tempo social e cultural, das manhãs com os filhos, as conversas no café da esquina, um simples pôr-do-sol no miradouro.

A vida de sítio não era uma coisa velha, nem apenas uma memória bonita. É um projeto para o futuro. Um futuro mais calmo, mais próximo, mais nosso, mais solidário.

E, talvez, ao reconstruirmos esse modelo, redescubramos uma verdade antiga: a melhor cidade não é a mais veloz e nos leva o tempo, mas a que nos devolve tempo para a viver.


Publicado no JM-Madeira


quinta-feira, 22 de maio de 2025

Heterónimos das redes sociais


Como era bom ter um perfil falso. Vá, admitamos: quem nunca teve um? Ou pelo menos nunca quis ter? Um cantinho anónimo para espreitar, comentar, provocar ou simplesmente existir sem ter de levar com o peso do nome próprio e da fotografia do batizado.

Lembram-se das aulas de Português? Aqueles dias em que nos tentavam impingir o Fernando Pessoa e os heterónimos? Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos, Bernardo Soares... e o próprio Pessoa, esse mestre do “sou muitos, mas sou eu”. Na altura parecia tortura. Mas afinal... era treino!

Treino para os dias de hoje, em que estamos todos nas redes sociais e ninguém é exatamente quem parece ser. Quem dizia que o que aprendíamos na escola não servia para nada... olha, aí está a prova de que serviu: estamos todos a viver como heterónimos nas redes sociais.

Como era bom ter um perfil falso. Vá, admitamos: quem nunca teve um? Ou pelo menos nunca quis ter? Um cantinho anónimo para espreitar, comentar, provocar ou simplesmente existir sem ter de levar com o peso do nome próprio e da fotografia do batizado.

Lembram-se das aulas de Português? Aqueles dias em que nos tentavam impingir o Fernando Pessoa e os heterónimos? Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos, Bernardo Soares... e o próprio Pessoa, esse mestre do “sou muitos, mas sou eu”. Na altura parecia tortura. Mas afinal... era treino!

Treino para os dias de hoje, em que estamos todos nas redes sociais e ninguém é exatamente quem parece ser. Quem dizia que o que aprendíamos na escola não servia para nada... olha, aí está a prova de que serviu: estamos todos a viver como heterónimos nas redes sociais.

Como era bom ter um perfil falso. Vá, admitamos: quem nunca teve um? Ou pelo menos nunca quis ter? Um cantinho anónimo para espreitar, comentar, provocar ou simplesmente existir sem ter de levar com o peso do nome próprio e da fotografia do batizado.

Lembram-se das aulas de Português? Aqueles dias em que nos tentavam impingir o Fernando Pessoa e os heterónimos? Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos, Bernardo Soares... e o próprio Pessoa, esse mestre do “sou muitos, mas sou eu”. Na altura parecia tortura. Mas afinal... era treino!

Treino para os dias de hoje, em que estamos todos nas redes sociais e ninguém é exatamente quem parece ser. Quem dizia que o que aprendíamos na escola não servia para nada... olha, aí está a prova de que serviu: estamos todos a viver como heterónimos nas redes sociais.

Chamem-lhe literatura digital, chamem-lhe esquizofrenia online, chamem-lhe segunda-feira nas redes ou até trabalho. Nós cá chamamos vida moderna. E a verdade é que o Fernando já andava lá... só não tinha o Facebook ou o Instagram, mas uma coisa é certa: “Tenho em mim todos os sonhos do mundo.”


JM-Madeira - Siga Freitas

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

As malas


Fonte da foto: https://www.jn.pt/5679193944/miguel-arruda-ataca-chega-como-me-antecipei-estao-doidos/


Esta semana fomos surpreendidos pelo alegado roubo de malas do deputado Miguel Arruda. Se até então era um deputado desconhecido, saltou para a ribalta e para as notícias, por alegadamente roubar malas nos aeroportos e depois alegadamente vender os seus conteúdos online numa conta da Vinted. A situação gerou uma enxurrada de críticas e especulações, mas, antes de apontarmos dedos ou ridicularizarmos, precisamos refletir sobre algo mais profundo: o que pode levar uma pessoa em posição de destaque a agir de forma aparentemente tão incoerente com os valores que deveria defender? Toda a história tem sinais humorísticos e memes fora de série.

O comportamento de Miguel Arruda pode não ser apenas fruto de impulsos ou má-fé, mas sim o reflexo de uma condição psicológica subjacente, caso tudo isto que se ouviu seja alegadamente real, isto só pode ser cleptomania.

Este é um transtorno caracterizado pela incapacidade de resistir ao impulso de furtar objetos, independentemente do seu valor ou utilidade. Diferente de um ato de má intenção, a cleptomania está profundamente ligada a questões emocionais, como ansiedade, tensão ou até mesmo depressão. A pessoa, muitas vezes, sente alívio momentâneo após o ato, seguido de uma onda de culpa e vergonha.

Outra possibilidade que merece atenção é a de Arruda sofrer de transtorno de acumulação compulsiva, onde a necessidade de possuir ou guardar objetos se torna incontrolável. Esse comportamento, embora incompreendido por muitos, é amplamente reconhecido como um transtorno mental que pode causar sofrimento significativo, tanto para quem o vive quanto para aqueles ao seu redor.

Mas tenho a certeza de que existirão médicos e psiquiatras para analisar e fazer um diagnóstico, se que seja necessário.

Olhando para além do escândalo, é fundamental que, como sociedade, mostremos empatia e busquemos entender as possíveis causas de comportamentos como este. Miguel Arruda não precisa apenas de críticas ou julgamentos; ele pode precisar de ajuda. Se realmente estiver a lidar com alguma desses condições, a nossa prioridade deveria ser uma maior consciencialização para as doenças mentais. Muitas vezes essas doenças são incompreendidas.

Errar é humano, e compreender as fragilidades que levam aos erros é o caminho para uma sociedade mais justa e solidária. Afinal, por trás do político existe uma pessoa, que, como todos nós, também carrega as suas lutas.

Atenção não quero desculpar ninguém, nem minimizar nada, porque só quem perde as malas num aeroporto sabe as dificuldades e o transtorno que causa, seja de regresso a casa, seja na ida para qualquer destino de férias ou em trabalho. Sem dúvida, perder uma mala no aeroporto é uma experiência frustrante e perturbadora. Quem passa por isso enfrenta transtornos, custos inesperados e um sentimento de violação pessoal que é legítimo e merece total solidariedade. No entanto, enquanto lidamos com as consequências para as vítimas, também devemos olhar para o outro lado da moeda: há pessoas que agem assim não por maldade, mas porque estão presas em lutas internas invisíveis, como um transtorno psicológico.


Siga Freitas - JM-Madeira

sábado, 27 de abril de 2024

A caminho da vitória



A liderança é a harmonização da complexidade coletiva de um todo, a que explicitamente se chama pluralidade. A síntese não acontece naturalmente, pois a força natural é, por natureza, conflituosa, antitética e mesmo, metaforicamente, bélica.


Urge então ver que barreiras se erguem e nos impedem de alcançar a vitória total sobre as forças adversas ao projeto que nos move, forças alinhadas com o centralismo que não cedem, mesmo depois de cinquenta anos de Abril e impedem o Porto, os Açores, a Madeira que queremos, inseridos num Portugal e numa Europa de novo ameaçada pelos demónios de novas dissensões, numa vertente que aqui nos interessa.


A distribuição do poder é outra lição, dar a cada um o que é seu, logo essa divisão é uma função do líder. A equipa desse líder só estará motivada para a vitória se participar no poder de decisão, logo se sentir importante.


Há um pensador brasileiro, o Professor Clóvis de Barros Filho, que defende que os líderes devem cultivar virtudes como ética, empatia, justiça, mas também deverão ser capazes de inspirar e motivar os outros, não apenas através de incentivos concretos, mas também tendo uma visão conjunta do rumo a uma vitória conjunta.


Logo, as eleições são fundamentais para que o líder seja capaz de unificar, mas isso significa garantir o pluralismo e a proteção dos direitos dos vencidos, é uma essência que os vencedores governem com inclusão e procurem o diálogo, o consenso, em vez de impor as suas visões de forma autoritária após a vitória que é sempre certa quando nada foi deixado ao acaso.


Uma agremiação precisa de um líder que não tenha perdido o Norte. Todas estas valências têm como paradigma, o meu desejo, para as próximas eleições do F. C. Porto. Numa instituição como o FCP, as quotas são uma prova de pertença. Pagá-las ou impossibilidade de pagar e não poder exercer o direito de voto é ver violado um direito inalienável. O sócio do FCP sentir-se-á excluído, a instituição enfraquece. Só a sua vontade inquebrantável pode superar isso.


Vença quem vença, sem os dois concorrentes que deram o corpo às balas, a vitória será de Pirro e os adversários disso tirarão proveito. É mais que legitimo e será o mínimo que cada um pode fazer. Uma vitória, certa e necessária, não será nem avassaladora nem forte se não incluir o Pinto da Costa e o André Villas-Boas. Ambos deram imenso ao F.C. Porto e será fundamental contar com eles para o presente e futuro desta grande instituição.


No fim de contas, o que querem os sócios? Vencer! Vencer! Vencer! Como é óbvio que só pode valer tudo o que for fonte de coesão, a vitória inclui sempre a ética e os valores em que se baseia a grande instituição, que é símbolo contra o centralismo de Lisboa, que é o F.C. Porto. Postas as coisas assim, a vitória terá que ser sempre do F. C. Porto!

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

UM PRIMEIRO-MINISTRO PARA PORTUGAL E PARA A MADEIRA



Portugal só possui uma solução e Governo neste momento de crise para o País lançada pela esquerda que é no PPD/PSD. PPD/PSD, de acordo com os dados é só o partido com mais militantes em Portugal quase 100 mil militantes, esta é a demonstração que o PPD/PSD não é um partido de elites, não é um partido da nobreza, nem da burguesia, é um partido feito pelo Povo e para o Povo. Sempre que o PPD/PSD se distancia deste não ganha eleições.

Sempre que há eleições internas aparecem os ditos “barões” do PPD/PSD a querer interferir no voto desta base de apoio do PPD/PSD.

Independentemente do voto e da vitória de qualquer candidato, neste momento, em virtude da proximidade das legislativas, temos que nos debruçar sobre o futuro do nosso país e isso não é mais do que as nossas vidas.

A vitória do PPD/PSD só acontecerá se existir uma clara união do partido. Temos que ter uma base alargada de apoios dos próprios militantes. Os militantes de todas as listas deverão apoiar, de forma convicta, aquele militante que vencer as internas.

Nas eleições, em especial em internas, o papel do derrotado é mais fácil, é afastar-se e ficar em silêncio, mantendo o espírito de colaboração, usando a palavra apenas se for para defender o interesse do Partido, na velha máxima de Sá Carneiro de que acima da circunstância pessoal está o Partido e acima deste está o País. No entanto, cabe ao vencedor ter a coragem de ir buscá-lo e trazer para as primeiras fileiras, não o deixar ser esquecido. Ele será um elemento, não só pela sua base de apoio de militantes, mas também de demonstração de concertação do próprio partido. Alguém que não é capaz de diálogo dentro da sua própria família, nunca será capaz de um diálogo com o eleitorado, nem com os restantes partidos com quem necessitará de entendimento para as grandes causas nacionais.

Logo, abraçar quem perde é um ato de vitória.

Como é óbvio, posteriormente segue-se a elaboração de listas para deputados que deverá olhar para todos os derrotados e saber que em todos os lados estão militantes validos, mas também olhar para a sociedade e lá estão pessoas que podem ser representantes do Povo e esses deverão ser os mais capazes para representar os portugueses, não se pode continuar na lógica do caciquismo inútil e prejudicial ao interesse da cidadania.

Muitas vezes, vemos que, quando o PPD/PSD atinge o poder, o poder cega-se em vinganças pessoais mais para aqueles que contribuíram para um PPD/PSD mais democrático apoiando ativamente um dos candidatos e mostrando a vivacidade do PPD/PSD. Às vezes basta colocar uns determinados inúteis a mandar e a contaminar todos para que aconteça uma inesperada derrota. Quando a vitória só é possível com todos e para todos. O PPD/PSD, sendo um partido que vai do centro-direita até a fronteira do centro-esquerda tem de aumentar a sua base eleitoral, ainda mais quando chega ao poder, conseguindo trazer até si o eleitorado flutuante, que tanto vota no PS como no PPD/PSD.

Há que fazer uma reconciliação com o passado, não de forma atabalhoada e de simples angariação de votos ou aproveitamento político, com um desdém por trás, mas sim de forma sincera e honesta. Como é óbvio, todos cometemos erros, mas só com o PPD/PSD, de forma resiliente, Portugal conseguiu virar a página a capítulos negros da nossa história.

Alguém acha que quando alguém vê o que o poder vigente num partido, seja no PPD/PSD ou noutra força política, faz aos seus próprios, acredita que aos outros não fará o mesmo?!

Estas internas do PPD/PSD são as primárias para sabermos quem será o candidato a Primeiro-Ministro do único partido que poderá ser alternativa ao Partido Socialista. E a vitória dependerá unicamente do que os militantes quiserem para o PPD/PSD!

Não se pode aceitar alguém que asfixie a Madeira, novamente, com PAEFs, que nos faça distinção e nos trate como portugueses de segunda, que nos volte a discriminar negativamente, mas que cumpra com a Madeira.

Mais do que um líder, os militantes do PPD/PSD vão escolher um Primeiro-Ministro para Portugal. Um Primeiro-Ministro que respeita a coesão nacional e regional e, portanto, respeite e defenda os interesses da Madeira.